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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Pane comunicacional da sociedade e do indivíduo

   
      O que achar quando se para pra pensar nas relações individuais e interpessoais dos dias de hoje? Garanto que há muito a se questionar e refletir sobre a forma que nós nos comunicamos conosco e com os que nos rodeiam, perto ou longe.
      Aqui faço um apanhado de pequenas questões interessantes mas, que nos permitem levantar grandes interrogações acerca do que é o ser humano virtualizado.

      Mentes superocupadas, pouca racionalização, menor reflexão. O excesso de coisas e de afazeres se tornaram fatos comuns entre as pessoas do mundo do capital. Todos a todo momento estão sempre em um movimento compulsivo de cumprimento de prazos, trabalhos, "estudos", "pesquisas", do fazer, fazer e fazer, afinal, é preciso ter, ser, ver, saber, estar inserido, conquistar seu lugar na sociedade.
    E o ser neste lugar tão desejado como único e especial, o ponto de realização despertado do mais íntimo de cada um, nada mais é do que uma das muitas engrenagens da grade máquina de poder que, sob conceitos distorcidos, criam anseios mecânicos como obstinações "reais".
     Sob esse movimento frenético fica cada vez mais difícil parar para analisar os pontos fundamentais da vida, do que ela é e o que você quer dela, se realmente é VOCÊ que quer, e qual o sentido de tudo isso. Existe até um ditado peculiar: "Mente vazia, oficina do diabo", e como ninguém quer ser contra a lei divina, vamos ocupar nossas mentes de qualquer forma possível.
     Não digo que ninguém pensa. Muitas pessoas se questionam superficialmente sobre o viver e o fazer social e individual, emergem com dúvidas que, em grande maioria, nos aparecem em forma de revoltas e protestos e, assim como eles, desaparecem no primeiro indício do ter que sair da comodidade. Mesmo que pensemos "diferente" não nos permitimos caminhar fora da confortável inércia.
   Esse modo de viver acelerado está sendo refletido duramente nas relações interpessoais. A celeridade das ações chegaram junto com a mídia da instantaneidade, a internet. Estamos num mundo onde não é mais comum as pessoas dialogarem face a face, a prezar uma boa roda de amigos e uma boa conversa (digo aqui um diálogo ou uma conversa construtiva que despende de tempo, assuntos, questões, interesses, filosofias, que tendem a algum objetivo e não superficialidades).
   O momento de agora é estar conectado a todo mundo a todo instante, ter um status virtualizado, ater-se às novas tecnologias, atualiza-se de informações, lotar a cabeça com dados e mais dados que nada serão além disso para as pessoas que só pensam em comer a todo instante o que se passa na rede.
    A comunicação gira em torno desse tsunami de informações e se você ficar de fora de um lançamento de um carro de última geração, de uma "catástrofe" no seu país, você se torna automaticamente um ser à margem. É sobre isso que se alimentam as relações humanas, ficar sabendo do que aconteceu e quem fez o que sem se debruçar na implicações desses acontecimentos.
    Recortando mais um pouco esse grau de relacionamento tomarei como exemplo os casais, seja de namorados, casados ou ajuntados. O que se vê nessas relações é uma vontade de completude vazia em sentidos. É uma vontade de partilhar estados pessoais, de relatar o seu eu para o outro, de poder ter a quem informar mesmo que não tenha um algo a ser informado.
    São pessoas extremamente ocupadas, cheia de tempo nenhum que chegam em casa olham para o outro, cospem o que se passou no seu dia, a roupa nova que comprou, a nova colega de trabalho, dizem que se amam, quando dizem(e o que seria esse amor não vou discorrer sobre agora), e vão dormir para acordar nessa rotina cheia de coisa alguma.
     Não existe entre essas pessoas o tempo para elas, a oportunidade de filosofar, pensar dialogando, sobre as coisas importantes que gostam, projetar um futuro, permitir-se a completude em todos os níveis interpessoais possíveis, poder viver uma existência real.
     Ao contrario disso, temos as relações líquidas(conceito utilizado por Z. Bauman em vários ensaios, textos e livros seus que refletem sobre a nossa sociedade defasada), temos relações breves e conturbadas, sedo nós mesmos portadores de pensamentos breves e conturbadores, a falta de autoconsciência resulta numa inconsciência geral.
     Penso que seja o momento de se conectar e deixar de ser conectado, ser o dono da ação, utilizar as ferramentas em prol dos seus objetivos e não o inverso disso, não ser o refém desse processo. Parar. Pensar. Por que estou trabalhando nesse projeto? Para que quero esse objeto? Com que finalidade devo utilizar tal serviço? Qual a obrigatoriedade das coisas? Você tem que fazer isso?
     Na vida as coisas são muito mais simples do que pensamos. Basta deixar as amarras, buscar o real e perceber que a paz e a felicidade que aspiramos é passível desse mundo.













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