Total de visualizações de página

terça-feira, 17 de julho de 2012

BurnEnd

    
   Já se dizia assim: Garota de fogo ou, garota do cabelo de fogo. Meiga porém explosiva, corpo esbelto, prolongado, branco como a neve. De sorriso tímido e olhar apaixonado.
    Ela se apaixonara. Era ele um mago transcontinental que a encantara com sua perspicácia e gentileza. Sua forma de tratá-la era divina, ilustre, e a deixava transbordando com uma leveza que só ele sabia passar.
    Katrina firehair não pensou que fosse capaz de se apaixonar, então, não mediu pensamentos e se deixou levar com a imaginação de que nada havia além do companheirismo entre dois místicos.  
    Já Sândler não pensava nada, ou melhor, só pensava nela. Sem pretensões ou ilusões. Apenas se sentia bem ao seu lado. Vislumbrava conhecê-la, a sua alma lhe instigava, ele não a compreendia mas sentia-se feliz em ouvi-la.
   Ele prometera que no dia do aniversário dela declararia uma coisa, já ela, disse que se revelaria.
   Pela manhã do aniversário da mais nova graduada, ele mandou uma carruagem no recanto de Katrina para buscá-la e trazê-la para seu castelo, queria fazê-la sentir-se uma rainha. 
    Passearam pelo campo de rosas carnívoras e banharam-se na cascata de ônix, a água era quente e calma, um extremo relaxante. As 13:33 dirigiram-se para a mesa do jardim. Ele a conhecia bastante e mandou preparar um nhoque aos pedaços de salmão em molho branco. Estava divino. 
    Ela nunca tivera um dia especial quanto aquele. Era aquele dia que seria O dia.
   Seguiram para a borda da caverna e ficaram a apreciar um delicioso frapê de morango com chocolate belga.
   Feita a digestão, caminharam pelos corredores da caverna que eram cobertos com diamante, esmeralda e cristal rosa. Tudo era tão lindo que parecia uma outra era dimensão.
   A noite estava chegando e então ele decidiu levá-la para o deck que tinha mil metros de altura sobre o rochedo. 
  Sentados num banco de mármore azul apreciavam o por do sol, era a noite propícia para os acontecimentos, e com ele surgia no céu a mais divina bluemoon.
    Sândler pegou as mãos de sua amada e olhando em seus olhos eis que disse:

- Katrina, esperei tanto por esse momento, quis fazer do seu dia especial o nosso dia inesquecível. Imagino que já percebestes, mas mesmo assim quero dizer que, a aurora que há em ti despertou meu espírito e encantou meu pequeno congelado coração. Quero dizer ainda mais, digo que te protegerei de tudo que possa haver nesse e em todos os outros mundos pelo qual passaremos. Serei o seu guerreiro  você será a estrela da minha força.

   A essa hora o sol já havia se posto e a menina tímida ia ganhando coragem somente bos a luz da lua. Imaginara aquele momento, mas até então só era ficção, vivia agora uma realidade sonhada.
    Katrina levantou com os olhos cheios de lágrimas. Pela primeira vez ela estava plena em um amor. E o amor seria seu ponto inicial e seu ponto final. Enfim ela amara. Mirou o seu objeto de paz e se fez dizer:

- Em teus olhos me fiz vida, em tuas palavras me fiz humana, em ti me fiz magia e em teu toque me farei amor.Agora sou sua e confio em você. Dissestes que me protegeria de tudo, certo? De tudo mesmo?

    Sândler encantado, respondeu sem hesitar:

- Sim, de tudo. De tudo meu anjo.

   Ela, agora certa, se aproximava devagar. Ambos sentiam suas respirações. Ela cada vez chegando mais perto, o beijou.
   Seus cabelos começaram a flamejar. Ela sentia um impulso jamais sentindo, sentiu que estava acontecendo.
  Ele sentiu-se tão quente que se afastou. Olharam-se fixamente e neste momento ela já uma bola de fogo ardente  expansivo. 
    Sândler ficara pasmo e não conseguira sequer pronunciar uma palavra.
   Foi o tempo de Katrina elevar sua chama e declarar:

- Me fizestes em amor e isso agora eu sou. Eu queimo, eu vivo, eu morro! - E se jogou naquele enorme despenhadeiro sem volta.

    Os Céus e os Infernos puderam ouvir o mais estridente dos gritos. Grito de desespero, grito de quem perdera ao ganhar, seu único amor. E do dia especial, fez-se o dia inesquecível.

- Katrinaaa! Nãaaoo!

sexta-feira, 13 de julho de 2012

"Mais" Que Eu


Você gosta tanto de mim que não sobra espaço espaço preu gostar de ti;
Você me fala tanto que não há tempo preu conversar com você;
Você se encanta tanto comigo que não espaço preu me encantar com tu;

Você reclama tanto de mim que não há como eu falar de ti;
Você ocupa a cama toda que eu eu acabo tendo que dormir no chão;
Você come todo o almoço que eu tenho que comer o resto;
Você me ama tanto que não há onde meu amor se fazer valer;
Você é tão empenhado que não há onde eu me empenhar;
Você pensa tanto no que eu sou que há espaço preu me fazer;
Você faz tanto um eu...


Esse eu não existo.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Estranho e concreto no surrealismo.

    Palavras não são possíveis de serem encaixadas em todos momentos, existe um algo que move tudo e este algo é "definido" por uma palavra: Sensações.
    Sim, são as sensações que movem o ser humano. Elas os fazem mover o resto do mundo. Do seu mundo.
    Coisas simples que provêm de decisões complicadas ao serem percebidas como realmente são parecem toneladas transformadas em gramas e faz do desespero um imenso sorriso de paz.
    A melhor sensação pode-se dizer que é a de plenitude. E se algo ajuda-te a chegar a ela..? Ah, encanta-se pelo motor ou pelo processo de construção de pensamento.
    A sensação de plenitude faz do seu dono um viciado que por conseguinte procurará sem hesitar o alimento de sua paz, o combustível desta imensa onda de prazer infinda enquanto em execução.
    E são sensações, apenas sensações que percorrem os autores das palavras enquanto estes tentam com um breve lance das mesmas exprimi-las ocultamente. 
Estas sensações que os ocupam e que os fazem querer ganhar o mundo e gritar. 

Gritar sem palavras.
Gritar quem sabe até sem som.
Gritar com um sorriso e uma lágrima.
Gritar com uma paixão imaginária que preenche o ser por completo.



Sensações, apenas sensações...



terça-feira, 3 de julho de 2012

Nair e Alejandro




Estavam Dois amigos caminhando por entre uma estrada de pedra.




Largavam para trás duzias de marcas de suas pegadas que iam ficando cada vez mais fortes.
Andavam pelo infinito daquelas pedras acinzentadas por mais do que infinitos meses. Duas silhuetas sob um sol amarelo escaldante.
Quando uma, a menor, pergunta:
- Vamos continuar com isso pra sempre? - Uma voz friamente feminina.
- Nair, não lhe ensinaram a ter paciência? - Respondeu-lhe Alejandro, que andava à sua direita.
- Mas é que eu já cansei - Disse ela abanando, com os braços, o nada - Vamos fazer algo mais "divertido".
- Mas é que nos foi ordenado... - Tentou continuar.
- Vamos - chantageou ela já com uma voz perversa.
- Nair? - Indignou ele.
- Vai me dizer que gosta de andar eternamente? - Respondeu-lhe.
- Certo... Certo... Mas nada tão complexo...
- O que podemos fazer? - Nair sorria pela primeira vez em muito tempo, um riso maléfico.
- O que você quiser - Disse Alejandro de forma elegante e convencida.
Ela parou de andar, fazendo com que ele, suspirando, também o fizesse.
- Eu quero algo supremo - Declarou ela. Ele pegou a sua mão, se abaixou puxando-a e com cuidado misturou-a junto a um pouco da terra e barro, ao puxar de volta, veio, junto, uma serpente, cor purpura vibrante, com um olho dourado fechado ao centro, talvez a mais suprema serpente já vista.   - O que é isso? - Perguntou ela maravilhada.
- Uma serpente - Respondeu ele.
- É fantástica - Seus olhos brilhavam.
- Podemos continuar? - Perguntou ele.
- Não Alejandro - Insistiu Ela - Eu quero algo mais vibrante - Ele, convencido, deu dois passos pra trás, se abaixou novamente, pegou alguns pouquíssimos grãos de terra, se levantou colocando a palma da mão estendida poucos centímetros a frente da boca e assoprou levemente. Parecendo que estava saindo de baixo da pele da sua mão, os grãos de terra se transformaram no par de olhos de um gavião, que por sua vez, alçou voo, e foi planando até o ombro da garota - E isso o que é? - Perguntou Ela enquanto os seus olhos, cheios de lágrimas, admiravam o animal.
- Isso é uma Harpia - Respondeu ele.
- É... É incrível...
Eles retomaram a inquietante caminhada antes da magnifica ave bater asas e se perder naquele horizonte indescritível.
- Alejandro... - Insinuou a garota.
- Diga Nair.
- Porque estamos apenas nós dois aqui, se podemos criar vida?
- É muito arriscado - Declarou ele.
- A vida? - Perguntou ela.
- Nair... A vida é, de fato, perigosa. Se criarmos seres, como nós, ou até mesmo baseados em nós, com o tempo, eles se tornarão um câncer para este maravilhoso mundo, e o levarão à uma combustão profunda.
- Por que? - Eles continuavam andando, porém com passos mais intensos e eufóricos.
- Porque, para que sobrevivam, teremos de dar a eles o poder da escolha, e com o tempo eles irão perceber que são capazes de tudo, como se fosse um bebê, em intensa descoberta, quando percebe que não tem limites. Então, em busca, cada um, de seu próprio bem, eles esquecerão o "proposito" do qual foram criados, e iniciarão confortos e mais confortos. Os mais fortes, e ou com mais conhecimento, irão ajudar os mais fracos, acalentando-os, ensinando-os e até mesmo dando-lhes a vida, apenas para satisfazerem os seus desejos universais, ou até mesmo os seus próprios princípios. E com isso, com todos procurando, cada um, por sua felicidade surgirá um sentimento, o que nos é conhecido como amor, junto a ele, aparecerão outros vários, como a caridade, compaixão, carinho, alegria, plenitude. E no final, teremos que reabastecer esse mundo de seres zerados de pureza para que o processo seja feito quem sabe então de uma forma diferente.
- Não podemos criar algo que os faça se conter, ou até mesmo se equilibrar, com relação a essa busca fatídica pela própria felicidade e harmonia? - Indagou Nair ainda persistente, porém já um pouco revoltada.
- Não imagino existir nada que possa conter esse amor humano - Se pôs pensativo.




Mais alguns poucos passos em silêncio e Nair para de andar e solta um raio.
- Ei - Chama ela percebendo que Alejandro, distraído, continuou a dar seus passos.
- Que foi? - Responde ele parando.
- Vem cá - Ela manda que se aproxime com um gesto.
- Que foi Nair? - Continua ele, já um pouco preocupado, se aproximando da garota. Quando estão a apenas dois ou três passos de distância, Nair puxa-o para mais perto, e solta três murros e sua face seguidos de um olhar penetrante de ira.
Ele, talvez pro instinto, segura-lhe o cabelo e joga-a nas pedras fazendo-a se arranhar e rolar uns dois metros. Ela rola de volta e o dá uma rasteira fazendo-o cair ao seu lado. E ali ficam, cada qual sentido o pulsar e a respiração do outro, por longo minutos...








- O que foi isso? - Perguntou ele quebrando o longo silêncio ainda com as costas no mesmo lugar.
- Acabamos de criar algo mais supremo do que uma serpente, e mais forte do que uma Harpia - Respondeu ela sorrido com o canto da boca enquanto sentia o seu suor.
- O que?
- O que equilibrará o amor das nossas futuras criações.
- Dos humanos?
- Sim...






- E como o chamarás?







- O chamaremos de Ódio.





Paródia de : Naur e Alagos